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THE
BAITOLL’S – A banda de Rock de Mateus.
Por
Daniel Pablo
Direitos
Reservados
-
Porra! O que será que aconteceu? Ele tá demorando muito! – se
perguntava Paul, enquanto andava de um lado para outro.
A
banda estava na véspera de sua grande estreia, um grande público os
aguardava, por isso a grande ansiedade do líder e idealizador do
conjunto. Ser um rock star foi a solução encontrada por ele para
por fim a sua abstinência vaginal. A ideia surgiu depois de ter
assistido ao filme “Quase famoso”, na qual é mostrado os
bastidores de uma banda de rock, com ênfase nas drogas e
principalmente na pegação. Então o caminho era este, uniria as
coisas que adorava: música, drogas e as tão desejadas garotas.
Chamou três amigos e pós os planos em execução, mas neste dia o
principal vocalista tardava em aparecer.
-
O que será que aconteceu com John? – falou Paul, quase chorando.
-
Larga de ser chiliquento, daqui a pouco ele aparece – repreendeu
Harrison.
-
É isso mesmo, vamos aqui ensaiando enquanto ele chega – apoiou
Starr.
As
reprimendas dos companheiros surtiram efeito. Ele se acalmou e deu
inicio aos ensaios. Consigo pensava que tinha que aproveitar aquela
chance. Tinham ficado um bom tempo sem treinarem por falta de espaço.
Antes os ensaios eram na fazenda de seu pai, mas a barulheira
incomodava os animais, razão porque não puderam continuar no campo,
além disso, o fazendeiro desconfiava que era a zuada dos rapazes que
estaria fazendo com que as vacas dessem leite azedo, prejudicando o
principal negócio da família: venda de leite com água. Agora
tocavam no quintal da casa de Paul. E foi difícil conseguir esta
oportunidade, era um sábado, a mãe estava na Igreja Adventista, o
pai não escuta muito bem, e a irmã, que sempre o perseguiu estava
viajando, não estaria lá para reclamar e encher o saco. Então, som
na caixa.
Estavam
os três nos acordes de Across The Universe, quando a harmonia foi
quebrada pelo berro de alegria e indignação de Paul:
-
John! Finalmente apareceu! Onde o rapazinho estava?
-
Vei, desculpa o atraso, tava com minha namorada.
Esta
resposta fez o sangue de Paul ferver, John chega atrasado no
derradeiro ensaio, além de ter faltado a alguns outros no Achado. E
tudo por culpa da namorada. Tudo bem que o cara tem que dar uns
beijinhos, isso era inclusive o grande motivo porque fundara os
Baitoll’s, mas tem que saber dividir as coisas, ser solidário com
os companheiros ainda encalhados no caritó.
-
BAITOLL’S, BAITOLL’S, BAITOLL’S, BAITOLL’S – gritavam os
fãs diante da demora do inicio da apresentação. A atração
anterior já tinha recolhido seus instrumentos a 40 minutos, mas nada
de Paul e cia subirem ao palco.
-
Caras, vcs vão começar o show ou não? – berrou o empresário na
porta do camarim.
-
Vamos sim – respondeu Paul - só estamos esperando John chegar.
Paul
estava nervosíssimo com a estreia, ansiedade exponenciada pelo novo
atraso de John. Para se acalmar, bebia doses e doses de whisky
Drulys, mas não adiantava.
Na
plateia, os fãs (na verdade uns amigos que foram lá porque Paul
implorou) ameaçavam ir embora, quando repentinamente o locutor
apresenta os músicos:
-
Atenção galera, com vocês: John Lennando nos vocais e guitarra
rítmica, Tales Psicopata Harisson na guitarra solo, Duca Starr na
batera, e por último, mas bem
menos importante, Paul Macteus
nos vocais e no violão de babaçu com uma corda só! São os THE
BAITOLL’S!
O
show, por incrível que pareça, foi um sucesso. No outro dia só se
falava nisso na cidade de Irecê, sendo inclusive tocada nas rádios
algumas das canções apresentadas pelos rapazes. Os meios de
comunicação locais elogiaram muito a banda cover dos Beatles.
Outros shows foram realizados, e em cada um deles o público (o
público de verdade, e não os amigos) crescia. Aumentava também o
reconhecimento da crítica especializada. Até mesmo Antônio Neto
deu o braço a torcer e elogiou os Baitoll’s.
Mas
Paul Macteus não estava satisfeito, para ele ainda faltava algo, a
companheira com quem sempre sonhara, a sua musa sempre imaginada mais
ainda não conhecida. As garotas agora falavam com ele, pediam
autógrafos, tiravam fotos, mas nada de beijos. Essa sensação era
agravada pelo fato de seu parceiro John Lennando estar curtindo um
romance sólido e duradouro. Paul Macteus se perguntava o porque de
tal discrepância, ele só e John com uma ada. A conclusão que
chegou foi que o amigo estava aparecendo, brilhando mais dos que os
outros membros, e isso não podia acontecer, a banda era de Paul, ele
idealizou e começou tudo, pediu um empréstimo para comprar os
instrumentos, mandou fazer roupas idênticas as usadas pelo quarteto
de Liverpool, mas quem se destacava era John Lennando. Uma rivalidade
foi crescendo no peito do Baittoll Líder, iria dar a volta por cima,
no próximo show ele iria colocar as coisas no lugar.
Só
que isso não aconteceu, na apresentação realizada no Festival
UnderGround Music das Caraíbas, John simplesmente não apareceu, e o
que seria a chance de Paul Macteus se firmar na banda se transformou
em um pesadelo para o mesmo. John Lennando era o vocalista principal,
era o responsável pela maioria das canções. Paul Macteus também
cantava, mas não tinha ensaiado a parte do companheiro, só John
sabia dublar o John, o verdadeiro John Lennon, Paul Macteus era um
dublador inferior – sim gente, nosso amigo metia um play-back nos
shows, na maior cara dura, não acredito que alguém pensou que
Mateus e cia tocavam alguma coisa. Mas voltando a história, sem
muita confiança em substituir Jonh, Paul Macteus pegou o pen-driver
onde estavam as canções, e excluiu as que eram incumbência do
amigo, deixou somente as que cantava sozinho, poucas na verdade, e
como o show duraria cerca de 1 uma hora e meia programou o seu mídia
player para executar as faixas varias vezes. Resultado, o show foi um
fracasso, foi muito repetitivo, o público vaiou, tacou pedra, e no
dia seguinte a crítica meteu o pau, insinuando inclusive a fim do
grupo, e a saída de John Lennando que seguiria carreira solo. O não
comparecimento deste foi um prato cheio para a impressa
sensacionalista que chegou ao ponto de inventar factoides dizendo que
o vocalista estava insatisfeito com mediocridade dos outros músicos,
que a imperícia destes impedia John de alçar voos mais altos. Nada
disso era verdade, John simplesmente não apareceu porque, mais uma
vez, estava jantando com a namorada.
No
outro dia, Paul Macteus acordou com uma baita ressaca, a leitura dos
jornais, que sua irmã tinha deixado propositalmente em sua
escrivaninha, o tornou mais amargo. Sabia que tinha sido deixado na
mão, mais uma vez, por causa do enlace de John. Estava disposto a
encerrar a carreira, aposentar de vez sua viola de uma corda, mas uma
visita o anima novamente.
-
Din, don! - John toca a campainha, Paul Macteus atende, e ao ver o
amigo dispara sua metralhadora de mágoas:
-
Onde você estava ontem ????????????? Se esqueceu do show,
porra??????????????
-
Agora todo mundo ta metendo o pau na gente. E principalmente em mim,
enquanto você fica lá namorando, o Paul Teteu aqui fica se fudendo.
O show de ontem era para ser de arrasar, agora todos estão rindo e
me colocando apelidos, é Paul Macaco, Paul no cú de Macteus, é
Paul Merda, é PM pouca merda. Estão todos zoando com a minha cara,
a imprensa, a crítica, os bacacas do Pinka Fode (banda cover do Pink
Floyd e rival dos Baitoll’s), Carla, Antônio Neto, até mesmo nós,
os amigos, estávamos rindo.
O
desabafo durou cerca de meia hora, e a tudo John Lennando ouviu com
serenidade e paciência. Pediu desculpas, que foram aceitas, Paul
Macteus estava mais aliviado. Ademais, John reconheceu o erro e
trouxe uma notícia boa, sua namorada tinha um primo, que tinha uma
cunhada, que era vizinha de D. Gertrudes, tia de Solange da Farmácia,
casada com Necão da Padaria, irmão de Dilva Valadares, que era
noiva de Pindobácio Fontes, lateral-esquerdo no time de Chico Lau,
pai de Flautiana Lau, prima de Aurélia Madureira, colega de
catecismo de Ariosvaldo Pirilampo, colega de escola de Kowly Ronn,
que viajou para Lençois com Tassão, que queixou Monalisa, manicure
de Genoveva Flores, que foi comida em 2006 pelo Índio Tumbalalá,
amigo de Marcos Sodré, que tinha uns conhecidos na secretaria de
cultura do município, e que estes últimos iam dar uma força na
gravação do primeiro cd dos Baitoll’s. Paul ficou empolgadíssimo
com a idéia, e John num gesto de grandeza e amizade deixou a cargo
do colega o desenho da capa do disco.
Paul
Macteus ficou radiante com a notícia, e se dedicou com afinco a
criar a capa do disco, foi uma semana inteira de pesquisa, o cara so
falava disso, ficava todo o tempo livre na frente do computador
pesquisando a imagem perfeita, buscando uma inspiração, uma
inovação, tenha que ser uma capa criativa e original, diferente de
tudo o que já tinha sido produzido. O prisma era a marca do Pink,
figuras horripilantes eram usadas pelo Iron e pelo Judas Priest, um
brasão seria uma boa, mas se lembrou que o Queens e o Pagan Altar já
utilizaram este tipo de insígnia, o que fazer então? Teve muitas
ideias, uma mais ridícula que uma outra: quatro penicos contendo
cada um a foto de um integrante, um recorte de seu narigão, um monte
de espermas, nada que se aproveitasse.
Quando
sua família já estava começando a ficar preocupada com seu
comportamento estranho (e desde quando alguma coisa é normal em
Mateus?) eis que surge a grande sacada, uma capa simples e
enigmática, sem nome e fotos de ninguém, ia ser de fuder, ia chamar
a atenção, seria algo raramente visto. Fez um esboço dela no
paint, um fundo totalmente negro, rasgado por uma faixa branca na
diagonal, do canto esquerdo superior para o direito inferior, e no
centro uma cruz vermelha. Que coisa mais horrorosa! Mas Paul Macteus
se sentiu o máximo.
Para
a sua surpresa geral, um mês depois, quando as cinquenta cópias do
cd foram postas a venda num stand promocional da Cantoria de São
Gabriel, a capa idealizada por Paul Macteus fora trocada por outra,
totalmente diferente, um fundo vermelho, com faixas horizontais
negras, outra coisa horrorosa. Paul Macteus mal pode acreditar, só
podia ser um erro de impressão, uma pegadinha do Malandro, aquilo
tinha que ser explicado. Desesperadamente saiu correndo em direção
a casa do baterista da banda, Duca Starr.
-
Duca Starr, Duca Starr, Duca Starr – berrava em agonia Paul Macteus
na porta da residência do amigo.
-
Duca não Starr – respondeu uma voz de dentro do prédio – Duca
Starr na casa de Ró – completaram a resposta.
Ainda
atordoado dirigiu-se a casa deste último, encontrando lá o Duca
Starr:
-
Duquinha, o que aconteceu com a capa de nosso CD?
-
Duquinha é o caralho, larga de viadagem!
-
Mas o que aconteceu com nosso CD?
-
John disse que tiveram que mudar a capa.
-
POR QUE??????????????????//
-
Por causa do apoio político. Como foi a galera da secretaria
municipal de cultura quem descolou a gravação tivemos que fazer uma
propaganda discreta do partido do prefeito, daí a cor vermelha da
capa.
-
E as listas horizontais negras?
-
Aí foi John Lennando quem inventou, e com o apoio de Tales Psicopata
Harrison.
-
ÃÃÃÃÃÃÃÃÃ, só podia ser John Lennando, ele me paga, isso é
provocação por que o Flamengo ganhou do Vasco, ele vai ver só.
Chorando,
Paul Macteus volta para casa.
Mas
isso não ia ficar assim...
O
show do grande lançamento do CD dos BAITOLL’S, que se chamava Ler
Gibi, seria na Praça Cleriston, no primeiro dia de São João, o
quarteto da rua Luís Viana Filho, teria a sua maior plateia, e Paul
Macteus estava disposto a se aparecer mais que John Lennando, nesse
dia iria a forra.
Logo
no começo da apresentação, Paul Macteus surpreendeu a todos,
público e banda, com um super solo no seu violão de babaçu com uma
corda só, e foi muito escroto esse riff,
Slash se tivesse visto, ficaria com inveja. A galera foi ao delírio,
como Paul Macteus conseguiu fazer com uma só corda o que os outros
virtuosos da guitarra não fazem com seis? Mas as surpresas não
pararam por aí, John Lennando estava desafinadíssimo, Macteus
modificou os arquivos com as músicas que Lennando dublava, e tinha
incluído o solo dele, sem ninguém saber.
Depois
de John Lennando ter interpretado Dig
a Pony de forma medonha,
alternado uma voz fanhosa, com estranhos agudos, Paul Macteus não
pode deixar de dar uma alfinetada ao microfone, para todos ouvirem:
-
Ta nervosinho com o público John Lennando? Ou é porque sua ada ta
na plateia? Ou as duas coisas? – provocou com um riso cínico nos
lábios.
Com
a tiração de onda a galera foi a loucura, e Paul Macteus emendou
outro solo incrível, se Adrian Smith visse se aposentaria.
A
plateia ovacionava Paul Macteus, que de jubilo estava quase a gozar.
John Lennando entendeu a jogada, o companheiro estava disposto a
ridicularizá-lo em público, e logo ele, John Lennando, o astro da
banda e que deixou de seguir carreira solo só para dar uma força
para os amigos, isso foi demais, não se conteve e mandou essa:
-
Macteus, vc ta querendo roubar a cena é?
-
Não tou roubando porra nenhuma!
-
Ta sim, vc sempre rouba!
-
Tou roubando não porra!
-
Ta roubando sim, vc rouba em tudo!
-
Roubo não!
- Rouba sim, rouba no uno, no dominó, no
xadrez, no play station 2 (incrível isso, mas ele consegue), e agora
quer roubar a cena!
Paul
Macteus não se controlou, jogou o caderno com as canções nas
costas de John, que jogou de volta, e ato contínuo Macteus pegou seu
violão rosa choque de uma só corda e partiu para cima de John, no
que foi contido pelos outros músicos, e toda essa confusão ao som
de Yellow Submarine.
E
como isso é possível? Os músicos não estava tocando, e sim
brigando, mas a música saia das caixas sonoras. Era um playback!
Esses pilantras nos enganaram, pau nesses BAITOLAS galera.
Revoltada
por te sido ludibriada a plateia começou a atirar pedras no palco, e
muitos chegaram a subir no palanque para agredir os Baitoll’s, mas
não lograram êxito pela fuga desabalada destes. O fim da banda não
poderia ser pior, um grande barraco, e o mico da descoberta do uso do
play-back. No outro dia, Paul Macteus ainda teve a cara de pau de
marcar uma entrevista coletiva para explicar o fim da banda, mas suas
declarações se limitaram a um plágio de uma frase de John, o
verídico Jonh Lennon:
-
The Dream is Over (O sonho acabou).
Cara, sensacional! Até mesmo o episódio do caderninho jogado furiosamente citado kkkkkk. Muito bom Daniel! Ri o tempo todo... kkkk
ResponderExcluircara muito massa...morrir de rir...apesar de ser chamados por uns de jonh lennon e não de duca harrison como na historia.kkkkk..mas esses contos estão sensacionais
ResponderExcluircorrigindo..duca starr
ExcluirKKKKKKKKKKKKKKKKKK Ri deveras e já estou ansioso pra ler as próximas de vcs. Abraços !!! ^^
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